21.12.10

continuação deste post...

Sandra Ramalho, Engenheira Civil. Holanda

Depois de mais de um ano e meio desde o meu último e único post o meu percurso pessoal/profissional desenrolou-se de forma surpreendente.

Devo explicar que o facto de ter acabado esse post com “Mas...depois veio a crise!” não foi para criar suspense mas o que se passou de verdade foi que sem querer “cliquei” na tecla enviar e-mail nesse momento... mas a história segue assim:

Essa multinacional para a qual trabalhava decidiu despedir a 30% do pessoal e eu fui uma das despedidas. Lamentável...

Estive desempregada 6 meses e a receber 1000 euros do fundo de desemprego. Em Espanha essa é a quantia máxima que dão (e não me estou a queixar). Tinha direito a esse subsídio durante 11 meses. Nesses 6 meses enviei CVs para centenas de empresas de toda a Espanha. Fui chamada unicamente para uma entrevista numa empresa de Madrid que posteriormente me propôs trabalho, o qual aceitei (com unhas e dentes, claro!). Mas a situação em Espanha está tão mal que os empresários aproveitam-se e pagam salários miseráveis. Por isso, a quem quiser sair de Portugal aconselho que nem pensem em ir para lá, pelo menos por agora e pelo menos na área de engenharia civil.

Embora pagassem mal, gostei muito de trabalhar nessa empresa de Madrid pelo facto de ser uma consultora na área de engenharia civil com projectos internacionais e porque o ambiente do escritório era completamente diferente ao vivido nas obras.

Mas a verdade é que quando chegava a casa sentia um vazio muito grande porque estava a trabalhar para sobreviver, não tinha vida social e muito menos familiar. Pensei bem, e tendo em conta o dinheiro que tinha poupado desde que comecei a trabalhar, decidi deixar Espanha e ir para a Holanda.

Fui muito influenciada por amigos que trabalhavam e trabalham na Holanda. Diziam-me que ia ser muito fácil encontrar trabalho e que neste país só é preciso falar inglês. MENTIRA!

Estive 7 meses à procura! Gastei quase todas as minhas poupanças.

Felizmente encontrei um trabalho muito gratificante em todos os sentidos (sou Engenheira de Projecto + salário de acordo com a minha experiência + benefícios fiscais por ser profissional estrangeira qualificada).

Para encontrar trabalho na Holanda é preciso:

1) Falar Holandês (imprescindível ou então é quase missão impossível encontrar trabalho)

2) Falar Inglês (pelo menos além do Holandês)

3) Ter dinheiro poupado. A vida aqui é muito cara.. comida, renda de casa, telemóvel...o aluguer da minha casa custa 1500 euros/mês, o que me corresponde pagar de renda 750 eur. (com agua, luz, gás, electricidade e internet incluídos)

4) Na Holanda não existe Segurança Social. É preciso pagar um seguro médico mensalmente.

5) Não existe nenhum serviço estatal (pelo menos que eu saiba) que oriente os estrangeiros na procura de trabalho. Existem as agências de trabalho privadas. Foi através de uma agência que consegui emprego. (Se alguém estiver interessado em trabalhar na Holanda, posso fornecer uma lista de agências que contactei assim como outro tipo de informação que facilite a procura de emprego).

Todas estas experiências que tenho vivido são enriquecedoras e não trocaria este percurso por outro. Espero algum dia estabelecer-me definitivamente em algum país...não sei se Holanda, Portugal..ou outro...mas já não sinto receio de mover-me.

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