3.5.07

Gonçalo Cunha, Marketeer, de Los Angeles para Lisboa
Voltei há cerca de três anos, cansado de uma cidade poluída de gente fútil de um panorama assustador, que antes ganhava aura de sonho.
Um dia, com um curso fresquinho de Marketing na mão, inscrevi-me num site de emprego associado à NBA, National Basketball Association, numa demanda por um ideal, viver nos EUA, trabalhar nos EUA... ser americano num segmento de tempo?? A verdade é que fui assimilando o american dream desde criança e o mercado de trabalho cá oferecia-me departamentos viciados em engenheiros que faziam marketing, em advogados que faziam marketing, e em marketeers que na generalidade ganhavam mal, não tinham margem de progressão, e nesta promiscuidade das áreas... resolvi investir em mim... tentando a sorte em Los Angeles.
Fui admitido no departamento comercial dos L.A Clippers, uma equipa secundária no panorama NBA, já que os vizinhos Lakers têm hegemonia tanto no campo, como na estrutura.
Uma adaptação difícil, em L.A vive-se de carro e eu usava sobretudo o autocarro (horrível), as pessoas vivem auto centradas sem serem rudes, mas completamente indiferentes à miséria que pulula a cidade, bairros como Compton... West side L.A, são guettos gigantes, como os projects de Chicago Rhode Island e Detroit (flint).
Acabei por trabalhar associado a uma instituição de inserção social que o departamento tinha, foi uma experiência singular única, sem paralelo, contudo... pensei... porque faço eu isto aqui se em Portugal existe tanta miséria... e eu até vinha para trabalhar em projecto marketing?
Voltei... e trabalho em Marketing. A falácia reside neste ponto... cá... já não trabalho com nenhuma instituição de auxilio social... não tenho tempo... não há interesse por parte das empresas em investir nesta área, e quando contacto as instituições que desenvolvem projectos sociais dizem-me... ” não temos falta de pessoal” quando digo que o faço pro bono... ” obrigado mas não precisamos nesta altura” quando apresento um projecto novo... ” não temos quem avalie este seu trabalho “. Por aí fora...
Saí à procura de um sonho... como o Francisco no riso de Deus do Alçada Baptista, e vivo hoje um trabalho aliciante, na minha área, contudo... sempre de grão na asa.