29.5.07

Pedro Folgado, Project Leader, Madrid, Espanha

Contrariamente à maioria dos testemunhos aquí expostos, a minha experiência como expatriado é muito recente. Teve início em Fevereiro deste ano e o destino também não me levou muito longe (geográficamente falando), deixando-me na capital espanhola. No entanto, há vários factores comuns a todos os que como eu sairam de Portugal: a vontade de não ficar profissionalmente estagnado e de evoluir, a vontade de ver o meu mérito reconhecido, a busca de melhores condições de trabalho e de vida, a vontade de experimentar e aprender novos métodos de trabalho e contactar com novas realidades, a falta de oportunidades com que nos debatemos em Portugal… Enfim, toda uma série de argumentos que no conjunto pesam mais que o apego à nossa casa e compensam a saudade que volta e meia teima em bater à porta.
Depois de dois anos de experiência profissional, numa empresa onde frequentemente era felicitado pelo bom trabalho mas cuja recompensa era apenas o sentimento de dever cumprido e uma palmadinha nas costas, e depois de inúmeros currículos enviados sem resposta, descubro a existência de um Programa de estágios no estrangeiro (InovContacto) promovido pelo ICEP. Nunca tinha ponderado muito seriamente a possibilidade de sair de Portugal, no entanto não demorei muito a candidatar-me e quando fui seleccionado já estava perfectamente convicto de que era o que queria, apenas ligeiramente perturbado pela incerteza do destino que me iria calhar em sorte (é uma das características deste Programa, só se sabe o local de estágio no final de tudo, e não nos dão hipótese de escolha).
Quis o destino que viesse parar a Madrid, uma cidade que apesar de estar tão perto não conhecia e que se tem revelado extraordinária. A experiência profissional está a ser muito boa, aliás, até me surpreende como a tão curta distância as coisas conseguem ser tão diferentes da realidade portuguesa. Desde a total ausência de formalismos, passando por uma estrutura pouco hierarquizada (sem que isso signifique uma “desresponsabilização”), até chegar a uma (muito) maior orientação para objectivos concretos e realistas, muitos e diversos aspectos têm contribuído para que me sinta muito bem aqui. De um ambiente estagnado e com poucas perspectivas de evolução passei para uma realidade dinâmica, em que cada dia é diferente do anterior e traz um desafio novo.
Não quero passar a mensagem de que “no estrangeiro é que é bom e em Portugal é tudo mau”, não é nada disso que pretendo nem me move nenhuma espécie de ressentimento, aliás espero um dia poder voltar a Portugal e desenvolver aí uma carreira profissional. No entanto, a verdade é que fui obrigado a sair e a procurar no exterior aquilo que sempre quis atingir: o estímulo e a realização profissional.