24.9.08

João Raminhos, Enfermeiro. Moutier, Suíça

Durante toda a minha vida jamais pensei ser emigrante, muito menos nestes últimos 4 anos em que tirei o curso e que em que já me via a trabalhar num hospital perto de casa!
Contudo, com o curso concluído e com a situação vergonhosa da Enfermagem em Portugal, as minhas esperanças de encontrar um posto de trabalho, saiam semana após semana frustradas.
Um dia e em jeito de brincadeira, um colega de curso questionou-me o porquê de não irmos trabalhar para a Suíça. Essa possibilidade ficou a pairar sobre as nossas cabeças, e uns tempos mais tarde numa mistura de férias e de ter uma ideia de como as coisas são, viemos até cá.
Uma vez cá, e através de conhecimentos de enfermeiros portugueses que já cá estão há mais tempo, fomos até uma agência de emprego. O curioso disto é que nem eu nem esse meu colega falávamos francês (já que estou na parte francesa), pelo que utilizamos o inglês para entregarmos os nossos currículos e explicarmos o nosso interesse em para cá vir. Da parte da agência disseram-nos para voltarmos para Portugal e aprendermos francês, que da parte deles iam-nos arranjar emprego.
Passado um mês, e depois de termos frequentado umas aulas de francês e de relembrarmos tudo aquilo que damos na escola, a dita agência contactou-nos a informar que tinha encontrado lugares para trabalhar, num hospital numa cidade que nem sabia onde ficava!
As malas foram feitas, os bilhetes comprados, as despedidas feitas e lá estávamos nós a partir rumo ao desconhecido. Coincidência ou não, poucos dias antes de vir embora foi-me oferecido um lugar no serviço e no hospital que queria, mas que recusei…
Os primeiros dias, foram um bocado a apanhar do ar: falavam muito rápido, não se conhecia ninguém, rotinas diferentes, tempo frio, e todo um outro mundo a descobrir… Mas foi rápido a apanhar o ritmo, e a integração foi boa. Nunca me senti alvo de discriminação ou intolerância, antes pelo contrário sempre me ajudaram.
Estou cá quase há um ano, e estou bem. Tenho um contrato de trabalho a termo indeterminado (algo quase impensável em Portugal); apesar de ter mais de horas semanais (42 horas) trabalho menos; o salário é 2,5 vezes maior; a cidade onde moro é tranquila e com boas conexões aos principais centro urbanos suíços; conheço gente de muitos outros países e outras culturas; farto-me de passear e de descobrir sítios novos.
Entretanto e por razões pessoais, o colega que veio comigo regressou a Portugal. Mas, como a falta de pessoal qualificado a nível de saúde é elevado, outros colegas para cá vieram e aos poucos a comunidade portuguesa vai aumentando no hospital onde trabalho. Parece anedótico, mas muitos mais podem para cá vir, ninguém se mostra é interessado!
Saudades de casa a bem dizer não sinto! Hoje em dia já ninguém espera pelo carteiro para saber notícias de família e amigos. E de avião são apenas 2.30h até Lisboa.

Vir para cá foi a melhor coisa que podia ter feito!

16 comments:

Anonymous said...

"A trabalhar perto de casa"

Como vês a "sorte" está ao virar da esquina.

O País investiu em ti e tu trabalhas na Suiça.

Ainda te sentes um desfortunado por não ter um trabalhado perto de casa, o comodismo.

Anonymous said...

O país investi em muitos que trabalham fora do país. Quanto a tua afirmação não pude deixar de comentar, se fosse um país que investi-se nos seus profissionais nunca os deixa ir embora nem lhe dava condições de miséria.
Mas não vale a pena bater no ceguinho, pois estamos todos fartos de saber como se vai por ai.

Parabens, enfº Raminhos muita boa sorte!!! São pots como os teus que mostram que o "país" investiu em pessoas com vontade de vencer sem mendigar um trabalho. :-)

Comprimentos
Ana

Anonymous said...

È como os jogadores de bola.

São formados nos clubes portuguese e depois vão para estranja.

Porque? porque la fora o nivel salarial e bem melhor embora as condições sejam identicas senão piores.

Não há duvidas sobre isso?

De resto, se vivemos em liberdade, não na Ex Russia, o trabalhador europeu e Portuguues trabalha aonde da prazer e proveitos, ou não sera?

Anonymous said...

O postador da ultima mensagem foi o 1º quem postou.

Devo-lhe dizer que tive casa em londres e mais tarde em LA USA. sendo dos meus pais e meu irmão, ainda custa a perceber a muita gente, pricipalmente a restante familia, o facto de nunca ter emigrado, em excelentes condições, quer em Londres quer em LA/USA.

O que eu acho e que um Tuga sitenmentalão.

OS meus estao reformados de Inglaterra e dos EUA e estão cá.

Não tenho inveja outra de quem emigra, eu não tenho feitio nem jeito, governei-me por cá, tambem um modo de vida.

Nâo digo mal do País nem daqueles que emigram, senão teria que dizer mal dos meus, sabe deus aquilo que eles passaram com espirito de sacrificio.

Dizer mal do Pais, é que eu não digo, agora cada um deve aproveitar a oportunidade, são poucas, e agarra-la com as 2 mãos, foi aquilo que eu fiz em Portugal.

Anonymous said...

O autor do último comentário disse tudo!

Há que saber respeitar as opções de cada um em vez ter "dor de covovelo" por causa de alguém ter aproveitado a oportunidade de trabalhar fora de Portugal e estar satisfeito com isso.

Há casos que correm bem e outros que correm mal. Nem todos os que abandonam o país, vão trabalhar para fora apenas porque não arranjaram por cá trabalho. Há pessoas que têm outros objectivos e que cá são impossíveis de atingir (como eu, por exemplo).

Desejo ao Enfº Raminhos aquilo que quero para mim: a maior sorte no mundo para que a vida nos corra bem fora de Portugal.

Anonymous said...

O primeiro comentário e' completamente despropositado!
Todas as pessoas tem o direito a qualidade de vida e a lutar por ela. O investimento que o pais fez em nós não nos obriga a sujeitarmo-nos a condições sub-óptimas para aquilo que fomos preparados e treinados. E' precisamente por termos tido esse investimento e essa formação que temos o direito de querer trabalhar em condições que nos satisfaçam no seu pleno, intelectual e humanamente. O mal esta' em o país não ter capacidade de absorção para todos os que são formados. Mas ainda assim, creio que o investimento em formar uma massa critica de mão de obra qualificada (ainda que uma boa parte não fique "retida" em Portugal) so' podera' reflectir-se a medio-longo prazo num crescimento de riqueza, económica e cidadania do pais. Por isso nunca e' um investimento em vão.
E' da responsabilidade das autoridades prevenir o braindrain e não dos próprios licenciados. Ninguém tem de carregar nas suas costas a cruz de um pais inteiro e não há que ter gratidão pelo facto de o estado português nos ter facultado educação. Educação e' (ou deveria ser) um direito universal e quem adquire o grau académico, fá-lo por mérito próprio, 'a custa do seu trabalho. Não há cá favores a ninguém. Se devemos algo a alguém e' aos nossos paizinhos, que nos sustentaram durante os nossos estudos devido 'as faltas de condições oferecidas pelo estado - coisa que não se passa na maioria dos países europeus, onde existem muitos mais incentivos ao estudo, subsídios aos estudantes, maior facilidade em obter empréstimos, maior facilidade em arranjar part-times, etc, etc, etc... Em Portugal so' estudam os que tem a boa fortuna de ter uma família que os pode sustentar. Em muitos países da Europa isso não se passa, e os jovens podem estudar sem que isto signifique uma sobrecarga (muitas vezes pesada) no orçamento dos pais.
Falar mal e' sempre o mais fácil. O que e' realmente mais difícil e' admitir que a outra pessoa teve a coragem. Portugal esta' cheio de velhos do Restelo, que querem incutir um sentimento de culpa irracional aos que atingiram mais e melhor na vida, e por meios justos.
João, a tua historia e' de louvar e fico feliz por ler neste blog que tantas pessoas procuraram uma vida melhor, ou mais desafiante, e conseguiram. Esta foi a escolha individual de cada uma das pessoas que aqui escreveu, e não cabe a ninguém fazer julgamentos de valor sobre essa escolha pessoal... assim como os que resolveram sair não o fazem em relação aos que resolveram ficar.

AnaF

Anonymous said...

Até ficou na "cabeça" dos seguintes postadores, ideia que a minha intervenção na cabeça roçou os laivos de inveja.

Coisa mais estranha, aquilo o eu digo é para não dizes mal do Pais, como digo,os meus emigraram ( Londres e L.Angeles) e nunca permiti que na minha presença
praticasse o chauvanismo (e que lá é que era bom e cá era tudo mau), no caso, em L Angeles,terra de vedetas e que meu "servia", por exemplo, R.Redford e muitos mais.

Acho que fez o seu lugar, ganhou os seus $, estão reformados resta saber se recebem, de momento é menos 50% desvalarização face ao €.

Por isso eu digo, o cidadão/a que emigra deve aproveitar o seu trabalho e a experiencia que adquire

Agora não pense que os que cá ficam são uma de "nabos"

Como disse, fiz a minha "vidinha" por cá, numa empresa espalhada pelo mundo, ao tempo 72.000 colaboradores, hoje é muito mais, se pensarmos que compraram a empresa de referência dos USA.

Nos, equanto la estive, sempre apresentamos os melhores do grupo, os portugueses eram bons, segundo era voz do "board" em londres. de facto, eramos bons naquilo que faziamos.

De resto, conheço europa, em particular em serviço, sempre recebido com deferencia, essa é que essa.

Ja contei um "bacado" de mim, para dizer quem emigra, hoje, a Europa é livre. A Suiça, tem a melhores indicação dos Portugueses, há sempre uma oportunidade, quando se mostra profissionalismo, empenhamento e seriedade.

Anonymous said...

João, este coment serve apenas para te deixar o meu apoio,pela decisão dificil que tomaste ao abandonar o nosso grande país..Parabéns e força...Enquanto uns se esforçam la fora para ter uma vida digna a fazer o que gostam "Ser Enefermerios", outros continuam no desemprego a dizer asneiras....

Força João

Sonhos Milka said...

O investimento do país na minha formação foi a minha mãe trabalhar em hipermercados aos fins de semana para pagar as minhas propinas da faculdade.

O país, essa bonita terra prometida que é Portugal não me deu um chavo!

Nem sequer tive direito a bolsa de estudo e do meu ano éramos apenas 2 estudantes que íamos de autocarro para a faculdade. Os betinhos graças a factores C tinham bolsa de estudo e bons carros.

Enfermeiro Raminhos, faz o favor de ser feliz!

Estou em Lausanne, quando quiseres tomar um café avisa :)

Sonhos Milka

Anonymous said...

Estou como afirma "sonhos milka", seria hipócrita de mais da minha parte ñ criticar o meu país...e porquê? também estive na mesma situação, os abastados tinham bolsas de 300 e tal euros e de até 500 e se exibiam com os carros de classe alta riscados e a troçar, pois os papás dariam outro...
eu nao tive direito a bolsa, apresentando td a comprovar isso... e hj tendo finalizado a licenciatura, reparo que o mesmo sistema que funciona pras bolsas, funciona para o emprego...haja nome e dinheiro para colocar pessoas que sempre se encostaram e se irão encostar de futuro aos outros para trabalhar...qnd qq um de nós sabendo mais que pessoas que se passeiam são renegados para ultimo plano, sendo explorados e desconciderados...
ñao falar mal??? criticarei td pq tudo vai mal...e irei em busca do meu futuro como tantos obstinados que aqui se dirigem o fizeram ou farão, ou estão a fazer.
agora o ou a ANONYMOUS que postou
1º, contra o sistema, acho que está no blog errado, para espilhar esse certo desapresso pelos que lutam e qnd olham para trás, sabem ponto por ponto caracterizar as falhas, mesmo deixando cá os familiares, amigos, enfim conexões sentimentais de todo o tipo.
Tenho familiares afastados no norte da Europa, e não vejo nenhum país se comportar como o nosso para com os seus...
o esquema cá está montado para quem quer viver á sombra do palheiro a fingir que faz, espizinhando quem quer fazer...
A mim parece-me que estas pessoas tnto como eu, kerem dar um futuro digno a si proprios e aos seus...
no inicio lá fora nada será facil, mas porquê cá ficar, qnd não nos respeitam, qnd não ha condições?

Anonymous said...

Boa tarde. Deixe-me, desde já congratulá-lo pela sua coragem...
Gostaria de saber, visto trabalhar num hospital e tedo contacto com o meio da saúde diariamente, como está na Suiça a empregabilidade para técnicos de radiologia e também para técnicos de análises clínicas. Pois eu e a minha companheira, estamos a pensar seriamente em emigrar, e a Suiça parece ser um país extremamente aliciante.

Cumprimentos e desejos de felicidades

Anonymous said...

Estes emigrantes que mal se apanham fora do país,desatam a dizer mal de Portugal,é algo que nunca aceitarei.
Eu vim trabalhar para Macau e não é por isso que passo a vida a criticar o nosso país como muitos fazem.
Cada um é livre de escolher o seu percurso,mas esta mentalidade mesquinha e redutora é muito triste

Sonhos Milka said...

Antes de mais caro Hugo aqui somos todos portugueses.

Ao emigrar não somos mais nem menos. Nunca precisei sair de Portugal para o criticar, gosto muito do país mas não do seu Sistema.

Ninguém está a dizer neste Blog que os países que nos acolheram são perfeitos e que em Portugal tudo vai mal. Apenas referimos experiências injustas. Seria pura hipocrisia se não o fizéssemos.

Nesta altura sinceramente não sei quem é mais corajoso, se quem fica ou quem parte...

Unknown said...

Boa tarde. Deixe-me, desde já congratulá-lo pela sua coragem...
Gostaria de saber, visto trabalhar num hospital e tedo contacto com o meio da saúde diariamente, como está na Suiça a empregabilidade para técnicos de radiologia e também para técnicos de análises clínicas. Pois eu e a minha companheira, estamos a pensar seriamente em emigrar, e a Suiça parece ser um país extremamente aliciante.

Cumprimentos e desejos de felicidades

Anonymous said...

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Anonymous said...

Gostaria de saber qt ganharia um enfermeiro sem experiência em Lausanne, pf. Ou seja, líquido e bruto. Qual os horários praticados e qts horas por semana? Qt tempo se demora para arranjar um estúdio e quanto se paga? Os transportes são acessíveis? Desculpem o excesso de perguntas mas antes de se tomar uma decisão temos de estar o + informados e os sites disponíveis para o efeito nem sempre são fidedignos.
Obrigada.
Bem hajam


D.