7.5.07

Nuno Cortiço, Arquitecto, Nova Iorque
O primeiro aspecto positivo que encontrei fora de Portugal, foi o interesse demonstrado pelos contactos, uma total ausência de filtros e preconceitos em relação a escolas, o trabalho valia pelo que valia, apenas eu e um portfolio.
Deixei para trás alguns anos de trabalho em condições monetárias e sociais precárias e futuro incerto. Uma desmotivação geral que leva ao ciclo vicioso da falta de produção, a falta de meios desmotiva, pessoas desmotivadas não produzem, as entidades patronais usam este facto como argumento para justificar a falta de meios e coisa parece não sair deste impasse.
Disse adeus ao ciclo vicioso que os estágios obrigatórios impuseram em Portugal, colocando arquitectos/as na casa dos 30, com experiência profissional em situação de risco. Pois seguindo a lógica do arquitecto empresário, mais vale ter (N) estagiários a custo Zero que um leque profissionais pagos de acordo com a sua experiência.
Encontrei deste lado uma grande abertura a pessoas vindas de outros países, uma postura que considerei à partida muito positiva. Pois achei-me tido como uma mais valia e nao como uma pedra no sapato. Que poderia contribuir com novas ideias e conceitos obtidos através de uma experiência profissional noutro contexto cultural. O qual é compensado com um ambiente de trabalho multicultural muito interessante e motivante financeiramente.
Por vezes penso que aquela vidinha ao relantim, deixa andar que amanha também é dia, era boa. Lembro-me de uma conversa com amigo Martin (polaco) em que comentávamos que as pessoas em NY trabalham bastante, ele disse “Welcome to Fucking América!” “se quisesses continuar a ser preguiçoso ficasses em Portugal”.