1.5.07

Elisabete Duarte, Arquitecta, Nova Iorque
Poderia dizer que o meu caso é diferente. Eu tinha aparentemente um motivo óbvio para vir para aqui, afinal é onde moram os meus pais e a minha irmã. Até tive facilidade em encontrar um atelier onde trabalhei no último ano do curso e onde fiz o estágio…Pago! Era excepção no panorama dos meus colegas, tinha as portas abertas para o ínicio de uma vida profissional decente, com ordenado e tudo!
No entanto, a perspectiva de viver financeiramente independente com o mesmo nível de vida que tinha como estudante, em que tinha acesso ao cinema, teatro, viagens, livros, museus, música e todas aquelas coisas que nos fazem crescer como somos, e ainda a vontade de poder alugar um apartamento, mobilá-lo e mantê-lo com o meu ordenado revelou-se uma tarefa difícil, um desejo ideológico, um projecto para "um dia, quem sabe"! E lá estava a mesada vinda da "América" a suportar aquilo que não devia.
…que seria daqueles meus colegas que estagiaram á borla? … e daqueles que acabaram o estágio e que ficaram mais uma vez de currículo na mão a bater de porta em porta?
Confesso que ainda tentei Lisboa antes de vir aqui parar, naquele atelier que me preenchia os sonhos. A meio da entrevista surge em conversa a minha vontade de vir a fazer uma pós-graduação em Nova Iorque, onde moravam os meus pais, blá, blá… Diz-me o NM qualquer coisa deste género: "estás á espera de quê? Vai-te já embora, não percas mais tempo. Vai mas é para lá procurar trabalho e boa sorte para os estudos!"